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Homem de Laborat​ó​rio

by Duzao Mortimer

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    Gatefold card case with a 16 page booklet with lyrics. Artwork by 45 jujubas.

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1.
Haverá um dia em que a Terra Cansada de tanta combustão de tanto desperdício Se cansará também dessa espécie predatória que é o Homem Neste dia a vida estará por um fio A atmosfera poderá nos escapar lentamente Você aí, prezado ouvinte, finalmente haverá descoberto tudo Mas será tarde demais Há um buraco de ozônio sobre sua cabeça Esse ninguém pode tapar Ele pode impedir que as crianças cresçam Ele pode te matar Clorofluorcarbono destruindo a camada de ozônio O efeito estufa vai fazer você boiar Nas águas da calota polar Queimando a floresta tropical ou petróleo na capital A gente produz um certo gás aparentemente normal Mas quando se acumula em excesso ele pode ser fatal Isocianato de Metia Césio 137 Monóxido de Carbono, Dióxido de Enxôfre Mercúrio, Arsênico Isocianato de Metila Clorofluorcarbono destruindo a camada de ozônio (2x) O efeito estufa vai fazer você boiar Nas águas da calota polar Pois a Terra não aguenta mais tanto lixo Combustão e desperdício Buraco de Ozônio sobre sua cabeça
2.
Quando ando só pelas ruas da cidade chego mesmo a me arrepiar Já é madrugada não se escuta quase nada e os carros passam longe demais A rua está escura e deserta só vultos e fantasmas a perambular A minha solidão se mistura a paranoia e as sombras ganham vida no ar Pânico, caras mau encarados Medo, será que vão me abordar? Pânico, caras mau encarados Medo, será que vão me assaltar? A minha paranoia é a minha solidão Quanto tô tranquilo navegando na fumaça de repente vejo tudo mudar É uma sirene correria confusão os “home” chegam para arrepiar A paixão a arte o sexo o trabalho e a natureza rondam minha cabeça Enquanto o coração dispara a boca seca e os cães lambem as pontas dos dedos Pânico, tiras mau encarados Medo, será que vão me espancar? Pânico tiras mau encarados Medo será que vão me levar? A minha confissão é a minha solidão Apague as luzes da cidade Talvez a paranoia se dissolva em confusão Talvez essa penumbra reacenda uma paixão A luz há de brilhar na estrela e no luar Talvez esse trabalho seja como uma arte Talvez o sexo fique livre da maldade Apague as luzes da cidade
3.
Buda de neve 00:18
4.
Adeus América às ilusões Um filme um fênix sem reprise Adeus às armas seremos felizes Apenas nos deslizes das paixões Em Saporo, no inverno nipon Soldados fazem um buda de neve A cada dia a todo o dia eu sinto a síndrome da China Sob os pés sem alegria Síndrome da China Em Saporo, no inverno nipon Budas fazem soldados de neve
5.
Novo Homem 03:51
O homem será feito em laboratório. Será tão perfeito como no antigório. Rirá como gente, beberá cerveja deliciadamente. Caçará narceja e bicho do mato. Jogará no bicho, tirará retrato com o maior capricho. Usará bermuda e gola roulée. Queimará arruda indo ao canjerê, e do não-objeto fará escultura. Será neoconcreto se houver censura. Ganhará dinheiro e muitos diplomas, fino cavalheiro em noventa idiomas. Chegará a Marte em seu cavalinho de ir a toda parte mesmo sem caminho. O homem será feito em laboratório muito mais perfeito do que no antigório. Dispensa-se amor, ternura ou desejo. Seja como for (até num bocejo) salta da retorta um senhor garoto. Vai abrindo a porta com riso maroto: «Nove meses, eu? Nem nove minutos.» Quem já concebeu melhores produtos? A dor não preside sua gestação. Seu nascer elide o sonho e a aflição. Nascerá bonito? Corpo bem talhado? Claro: não é mito, é planificado. Nele, tudo exato, medido, bem posto: o justo formato, o standard do rosto. Duzentos modelos, todos atraentes. (Escolher, ao vê-los, nossos descendentes.) Quer um sábio? Peça. Ministro? Encomende. Uma ficha impressa a todos atende. Perdão: acabou-se a época dos pais. Quem comia doce já não come mais. Não chame de filho este ser diverso que pisa o ladrilho de outro universo. Sua independência é total: sem marca de família, vence a lei do patriarca. Liberto da herança de sangue ou de afecto, desconhece a aliança de avô com seu neto. Pai: macromolécula; mãe: tubo de ensaio, e, per omnia secula, livre, papagaio, sem memória e sexo, feliz, por que não? pois rompeu o nexo da velha Criação, eis que o homem feito em laboratório sem qualquer defeito como no antigório, acabou com o Homem Bem feito. 1. Este poema faz parte do livro “Obra Poética de Carlos Drummond de Andrade” (Versiprosa), volume 4, editado pela Livraria José Olympio Editora. Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond www.carlosdrummond.com.br
6.
7.
Imacular o seio o sexo Com uma nódoa, uma nada, um não Da Vênus de Milo ou da Alexandra Kollontai Um nódoa, um nada, um não (4 vezes) Não é um incesto Mas sim o melhor Da festa, da vida, da fita Da Vênus de Milo ou da Alexandra Kollontai
8.
Fora do seu alcance por alguns segundos Não sei se é hora de viajar pelo mundo Seus olhos me alcançam que breu mais profundo Um anjo da guarda num céu de vagabundo As vezes vago noites sem sono Mas o seu afago ainda é meu dono Seu olhar vago me dá o trono Mergulho e trago a luz do abandono
9.
Papéis 02:37
Às vezes me vejo perdido em meio aos meus papéis Que guardei tanto tempo nos cantos da vida Às vezes me sinto inútil palhaço dos sons Num mundo de formulas mágicas, poesias cifradas De dia incessante pensar De noite eterno sonhar, ilusão Às vezes te vejo dormindo nos meus sonhos Amando os meus maus humores Vivendo de meus favores De dia microeconomia De noite macro-amores Meu bem
10.
Vidas secas 04:35
Sopra vento, venta areia que inceideia o seu dia Ao vento soprar a chuva, lágrimas sofreguidão Sertanejo num amoleça se o tempo não ajuda Terra seca, vida dura, lástimas desse sertão Cai, vai, sai, ca(í), ca(í)… Faça que a chuva caia… Cai, vai, sai, ca(í), ca(í)… Sol de mar, céu de infinito, anoiteça ou amanheça Dias passam, secas ficam nossas platas ao nascer Nessa vida não se colhe só por crer, não esqueça Ai de penar, ai de sofrer para ver terra ceder Cai, vai, sai, ca(í), ca(í)… Faça que a chuva caia… Cai, vai, sai, ca(í), ca(í)… Sertanejo vá à luta, não espere o céu brota(r) Pois se hômi num lavra a terra, semente não nasce em vão O Pai Grande ai de ajudartes, se merecer sua ajuda E a chuva ai de cair e então brotar uma canção Cai, vai, sai, ca(í), ca(í)… Faça que a chuva caia… Cai, vai, sai, ca(í), ca(í)…
11.
Pânico 00:19
12.
Eu quero um truque no final da túnel Uma luz que não me deixe pinel Eu quero uma flor da cor do Hulk Um pulo de rã num poço de mel Eu quero nada Narda sem Mandrake Mágico pelado coelho de fraque Mágico pelado Eu quero um traque, OVNI conhecido Um papo tranquilo no meio do céu Eu quero um porre nas água do Nilo Um alô no telefone de Babel Eu quero nada Narda sem Mandrake Mágico pelado coelho de fraque Mágico pelado

credits

released July 17, 2017

Gravado no Estúdio Mortimer, Belo Horizonte, entre março de 2016 e maio de 2017.

Produzido por Duzão Mortimer.
Co-produzido por Lucas Mortimer e Vinícius Mendes.
Direção musical por Vinícius Mendes.
Arranjos por Duzão, Vinícius Mendes, Gabriel Bruce e banda.
Mixado por Lucas Mortimer.
Masterizado por Fabrício Galvani no Estúdio Casa Antiga.

Produção executiva por Lucas e Duzão Mortimer.
Design e produção gráfica por 45 jujubas.
Retrato da contra-capa por Regina Carvalho.

Duzão Mortimer - violão, guitarra e voz
Vinícius Mendes - teclado, flauta, sax tenor, alto e soprano
Gabriel Bruce - bateria
Willian Rosa - baixo
Ivan Mortimer - guitarra e voz

Músicos convidados

Rafael Pimenta - guitarra em "Vidas Secas"
PC Guimarães - guitarra em "Uma nódoa, um nada, um não"
Marcílio Rosa - guitarra em "Síndrome da China"
Igor Neves - piano em "Uma nódoa, um nada, um não"
Bruno Oliveira - contrabaixo acústico em "Uma nódoa, um nada, um não"
João Machala - trombone em "Síndrome da China", "Luzes da Cidade" e "Nada de Narda" e Vinhetas
William Alves - trompete em "Síndrome da China", "Luzes da Cidade" e "Nada de Narda"
Isaque Macedo - tuba em Vinhetas
Wagner Souza - trompete em Vinhetas
Marx Marreiro - acordeon em "Vidas Secas"
Bill Lucas - percussão em "Nada de Narda" e "Vidas Secas"
Juliana Perdigão - voz em "O Novo Homem"
Leopoldina - voz em "Buraco de Ozônio", "Céu de Vagabundo" e "Síndrome da China"
Marcos Pimenta - voz em "Nada de Narda" e "Uma nódoa, um nada, um não"

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Duzao Mortimer Belo Horizonte, Brazil

Cientista que fala sobre budas de neve, fórmulas mágicas e o pânico do dia a dia.

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